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Texto: "Marinheiro de Primeira Viagem" vs. "Criador de primeira ninhada". Ou se


"Marinheiro de Primeira Viagem" vs. "Criador de Primeira Ninhada", ou seriam a mesma coisa????

É com muita indignação e chateação que venho, neste texto, expor alguns pontos, principalmente para explanar meu descontentamento com o rumo que - como tenho notado - está sendo conduzida a criação de Bull Terriers no Brasil, e, desta forma, expondo minha sincera opinião, iniciar um movimento, contando com a colaboração dos criadores sérios alocados nesta nossa “terra tupiniquim", e buscando, em conseguinte, a proteção e aprimoramento da raça Bull Terrier no Brasil, e impedindo que aproveitadores, comerciantes, e que em NADA CONTRIBUEM para a criação no nosso país, aproveitem-se e valham-se de seu oportunismo para “ganhar um troco”, vendendo filhotes.

Me deixa estupefato perceber que oportunistas de plantão, de repente, acreditam nas seguintes falácias: Nossa, criar cachorro dá dinheiro ein ! Nossa, vou comprar um casal de "buterriê" e sair vendendo filhotes por mil conto, que é o que tá pegando ein !.....

Misericórdia ! Que vergonha !

E é pensando assim que infelizmente tais aproveitadores, de uma hora para outra, saem pesquisando na internet, e saem consultando todos os criadores que veem pela frente (alguns que inclusive já possuem alguma "bagagem") para que, adquirindo um filhote "de raça" desses criadores, possam depois “se gabar” e dizer: olha, vendo filhotes bisnetos ou tataranetos de campeão!

Pobres coitados, mal sabem que na verdade, para o sucesso da criação, o que vale não é uma boa compra, mas sim um bom acasalamento, uma boa cruza !!!! ...e para que, é claro, deve-se contar com BONS EXEMPLARES. Isto é óbvio.

Assim, é imperioso que dois exemplares (obviamente: macho e fêmea) de qualidade, devem ser utilizados. Mas de fato, o sucesso está na COERÊNCIA, na PRUDÊNCIA, num estudo aprimorado e no "felling" de “bom criador”, para realizar uma cruza que proporcione - de fato - resultados promissores, e CRIADORES !!!!! remetendo à própria etmologia da palavra.

Na minha modesta opinião, salvo melhor juízo, não necessariamente deve-se utilizar - num bom plano de criação - cães com a base genealógica bem similar, para que se obtenha um bom resultado. Por sem dúvidas, esse caminho denota-se mais fácil, mais seguro, de que o resultado a ser colhido será positivo. Isto porque, delineando-se o trabalho numa determinada "linha de sangue" haverá mais segurança, na colheita dos frutos daí resultantes e concernentes, porque surpresas serão escassas; porém não haverá INOVAÇÃO. Contudo, obter-se-á algo razoável, e podendo ser algo com o que muitos se sentem satisfeitos. Destarte, os defeitos presentes naquela determinada “blood line” serão: reproduzidos e fixados. Cumpre ressaltar que respeito os competentes criadores que realizam o método e princípios acima, e poderia citar aqui vários exemplos de sucesso colhidos utilizando-se da referida “fórmula.”

Entretanto, noutro vértice, entendo que, para inovar, é preciso, além de tudo: CORAGEM !

Isso significa que: o bom criador deve perceber que um determinado perfil de genótipo+fenótipo, i. é, uma "linha de sangue", encaixa, ou seja, irá funcionar, se trabalhada em cruzamentos certeiros, com outro perfil e base: genéticos e de tipicidade, diferenciados. E então, se a escolha for correta, e baseada em princípios de coerência: é incontestável que o resultado será INOVADOR e POSITIVO. Mas aqui o risco é muito maior. Eu busco isso, e defendo esse como sendo um objetivo a ser buscado por bons criadores, num primeiro momento. É neste estágio que se poderá perceber se o processo, desde o início, já tem chances de ser profícuo ou não. Para que então, somente depois, "a posteriori", num segundo momento, passa-se a ter como objetivo a fixação de um "tipo", um fenótipo, o qual, aí sim, já encontrar-se-á baseado num genótipo já trabalhado, já consolidado. E é isso que se chama: INOVAR !

O criador Andy Stubbs (canil Tyebar-UK), com mais de 40 anos de criação, me falou uma "máxima" - que considero como um verdadeiro: ensinamento - quando estive com ele na Inglaterra no Trophy de 2008: “Leonardo, minha criação é como um "muro" ou ”parede”, a ser construído pelo pedreiro. Eu vou subindo de degrau em degrau, mas SEMPRE adicionando tijolos". Modéstia a parte, com a devida vênia, acredito que eu contribuí um pouco neste sentido, na criação de Bull Terriers no Brasil. Com a nossa primeira matriz SHINE, adquirida em 2003, ficamos por quase 5 anos buscando um cão que funcionasse, principalmente no quesito "fenótipo", ao ser cruzada com ela. Conseguimos "RODGER", importado da Irlanda (Reino Unido) e que, já na sua primeira cruza, e com SHINE, produzimos o hoje: Multi CH. Kanzeon Duc Pollack (“WINNER”), que se tornou um legado, na criação da América do Sul.

Ou seja, de que vale uma criação se somente trabalha-se num círculo, que sempre está no mesmo movimento e na qual colhe-se sempre os mesmos resultados? De que vale uma criação totalmente sem coerência, com cruzamentos totalmente sem sentidos, mesmo tentando realizar um “inbreeding”, mas que na verdade não existe ?

Isto porque, na verdade, essa é uma criação fracassada, pois não consegue: INOVAR, CRIAR, como o próprio nome diz.

Agora, pergunto aos leitores deste modesto texto, cuja minha única preocupação é para servir como uma reflexão: me respondam quantos "criadores" atualmente tem pensado nisso ??? Quantos "criadores" atualmente tem tentado escolher um ou outro caminho ???? Qual é o entendimento desses "criadores" daquilo que estão fazendo ao acasalar dois exemplares ??? O que estão buscando ????

É muito triste isso tudo !!!!!

Além disso, acreditam piamente e denominam-se como: "criadores". São sim criadores, mas de fato medíocres (não no sentido pejorativo do “termo”), e nada mais do que: “criadores de primeira ninhada” !

E o pior: SEMPRE, com certeza - seja na primeira, na décima segunda, na vigésima terceira ninhada, e por aí vai – continuarão sendo SIM: "criadores de primeira ninhada". E isto é simples de se explicar: é porque, na verdade, não fizeram aquilo que é a PRIMEIRA COISA a se fazer numa criação: pensar e responder, pra si mesmos esses questionamentos acima, e daí sim, respondendo-os, definir o rumo e aquilo que buscam como objetivo, ao criarem.

Eu tento responder a essas perguntas todos os dias, e vejo que outros criadores atualmente no nosso país também o fazem. Mas o que me desaponta é que percebo que MUITOS, mas MITOS mesmo, sequer percebem o sentido ou sabem que isso existe na criação de cães, seja da raça Bull Terrier, que eu acompanho, como nas demais. Infelizmente.

Também não poderíamos deixar de lembrar de outra infelicidade, ou melhor, aqueles “criadores de primeira ninhada”que produzem exemplares - bons para serem vendidos, por sinal, que é o que “vale”, ou “importa”, para eles - com cabeças muito além do “razoável”, e totalmente fora do padrão, com excessiva curvatura, resultando em cães bizarros, e que no exterior, quando ainda essa “onda” estava em voga, era denominado de: “cabeça de bico de papagaio”. Ou ainda criando cães com estrutura corporal bizonha, sem osso, traseira alta, dorso longo, cães com péssima angulação traseira, prognatas, frentes horríveis, et cetera.

I.N.A.C.E.I.T.Á.V.E.L.

Por fim, gostaria de desculpar-me perante os leitores mais “moderados” pelas minhas palavras contundentes, e até um pouco “ofensivas” acima proferidas, e em especial no início deste texto. Contudo, o fiz para que eu expusesse meu desabafo, e logo, não teria como fazê-lo de outra forma.

Grande abraço à todos os verdadeiros amantes da raça Bull Terrier.

E adiante, SEMPRE !

No frigir dos ovos, os BONS sempre triunfam !!! Podem ter certeza !!!!

Leonardo Hellmeister Sorrentino, Delegado de Polícia e cientista político, é responsável pelo canil DUC POLLACK BULL TERRIER (“Na busca incansável pela excelência, sempre, sempre.”).

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